Duas tragédias horríveis: uma no Brasil e uma nos EUA. Apenas seis dias de diferença entre as duas mas, um cenário muito parecido.
No dia 18 de maio, uma operação policial no complexo do Salgueiro (RJ), resultou na morte do menino João Pedro, 14 anos, com um tiro nas costas, disparado por um policial civil.
Seis dias depois, no dia 25 de maio, George Floyd foi morto por um policial em Minneapolis (EUA) acusado de tentar comprar com uma nota falsa em um supermercado.
Dois negros, mortos por policiais, de forma covarde. Duas famílias destruídas e muita revolta em suas comunidades. Mas qual a diferença entre os dois casos? A diferença está na reação e na comoção gerada em cada uma das situações!
Nos EUA, a morte de Floyd foi o início de uma revolta popular que se entende pelas ruas dos estados americanos, há sete dias! A cobertura da imprensa mundial potencializa o caso e faz com que as reações e protestos se tornem globais, e legítimos.
Em um país que já teve um presidente negro, que se tornou referência histórica como Obama, é inadmissível que casos como o de Floyd continuem ocorrendo.
Mas, e João Pedro? Onde está a nossa capacidade, enquanto cidadãos brasileiros, de nos revoltarmos com a mesma intensidade que nos revoltamos com o caso Floyd? Onde estão os protestos nas ruas e nas redes sociais? Cadê o espaço editorial dos grandes veículos de comunicação para o caso? Onde está a exigência por uma investigação rápida e exemplar?
Não temos! Infelizmente somos um povo acomodado, anestesiado, que vive uma paralisia tão grande que impede qualquer reação contra injustiças e crimes terríveis e bárbaros que ocorrem diariamente no Brasil.
Nos acostumamos com o grotesco de nossas lideranças políticas e sociais, estamos vivendo afundados em um marasmo absoluto assistindo, de camarote, o nosso país afundar, se despedaçar!
O menino João Pedro e Floyd são apenas dois dos milhares casos de negros mortos injustamente anualmente no Brasil e nos EUA, dois países com maioria da população negra e latina mas, dois países racistas desde a sua fundação, países doentes socialmente!
A diferença entre americanos e brasileiros está no poder de reação, na força da voz e na mobilização popular por suas causas. Infelizmente nós, brasileiros, nos sentimos mais motivados para protestar pela morte de um negro americano do que pela morte de um menino negro brasileiro! E, convenhamos, isso não está certo!
Editor e fundador dos canais Acontece Gramado e Acontece Floripa
