Dólar: R$ 5,20

Euro: R$ 5,55

Weather Icon
Gramado17°C, céu limpo
Search
Close this search box.
Marcela Muttoni: Esta alma João – de -barro

Compartilhe nas Redes Sociais

Facebook
Twitter
WhatsApp

Nota Sinestésica da Semana: Audição

Para ouvir enquanto lê:

São quase 3h da manhã. To aqui com um roupão de Star Wars em frente ao computador lutando contra meu sono, que ainda não deu as caras por aqui. A necessidade de dormir tranquila, me faz muitas vezes atropelar etapas do meu dia. Essa mania de centralização talvez ou simplesmente de ter que fazer para poder dormir tranquila. Um processo que não sei de onde inventei e como o instalei.

Tenho lá, minhas desconfianças. Assim talvez como o passarinho “João de Barro” que com chuva ou sol, segue seu instinto e escolhe com cuidado os gravetinhos que vão em seu ninho, sem perder tempo, ele faz o que tem que fazer.

Quando eu era pequena, amava ver esses passarinhos trabalhar. O bico deles é pequeno, bem como as nossas costas muitas vezes – para o tamanho de nossas missões, mas eles não param. Colocam galinhos, flores e até pedrinhas. Em sua bonita casinha, tem  até parede.

Mas voltando ao texto de hoje, ele diz mais sobre a casa estar arrumada, sobre os contratos lidos e assinados, e sobre os boletos honrados do que qualquer outra coisa.

Onde vão as hora do relógio, nessa teimosia de pressa. De correr pelos números, como se fossem gangorras. Mas, o que tira o sono não é trabalho – é conta. E quando a conta chega e o dinheiro demora, temos que reaprender a viver, a encontrar a calma em algum local dentro de nosso ser, assim como o João de Barro quando a chuva derruba sua casinha recém construída e ele recomeça do zero.

É ajustar tarefas domésticas, filhos, trabalho e sonhos. Talvez por isso as andorinhas não constroem casas. Mas o João-de-Barro, esse passarinho coloca até iluminação em seu projeto, suas casinhas sempre são viradas pro nascimento do sol. 

Dá trabalho, mas tem mais a ver com missão. Paixão. Você não verá este nobre passarinho chorando ao lado da antiga casinha quebrada se ela por desventura, cair. Se o observar em dias de caos como este, verá que ele vai usar o barro dessa para recomeçar a obra da nova. Ele é prático.

Talvez o problema de ser prático é esse. Você sempre está olhando pra todas as etapas. E isso tem “derrubando” gigantes. No nosso dia a dia, repleto de compromissos, tarefas, projetos e até por que não dizer, luta por evolução de qualidade de vida, muitos de nós cuidamos mais nossa alimentação. Temos hábito de leitura.

Queremos ter tempo de qualidade para os filhos e a família. Queremos também meditar, malhar, viajar, estudar, ser empresário, ter carreira…queremos tanto e funciona tanto em torno do verbo “querer” que vibramos modestamente ao atingir.

Sempre estamos um passo do que virá. A ansiedade que nos consome pelo trabalho não feito ainda, ou pelas dúvidas existenciais de que será que estou fazendo a coisa certa é comum a grande parte de pessoal da atual geração independente da idade. Somos eternos João – de – Barros piscando o barro, fazendo o ninho, cuidando da casa, e vendo a casa ficar vazia e assim recomeçar tudo de novo.

O sonho da casa sempre vai ter espaço pra casa maior, com piscina. Depois vem a casa de praia, de campo. A casa com projeto assinado por grandes profissionais. E o móvel melhor, a foto com mais curtidas, o carro mais rápido.

Neste ano de tanta escassez do básico, como poder andar sem máscara, poder viajar, sinto que voltamos a olhar o básico com a devida importância. Ter um jardim para colocar os pés. Uma árvore que ofereça sombra. Um abraço pra voltar. Muitos de nós somos ainda “João de Barro” parados olhando a casinha que caiu.

Mas não podemos esquecer, que este passarinho não chora pela casinha que caiu e se chora, ele reconstrói a outra casinha com o barro da destruída e com provável água dos olhinhos. eu escrevi tudo isso pra te dizer que ainda não é 3h da manhã.

Mas provavelmente os passarinhos são mais espertos que eu, e durante o dia, enquanto eu trabalho pra poder dormir, eles dormem pra trabalhar e quem sabe, no fundo, a alma de um João – de – Barro repousa em meu coração, e sinto seu piar dizendo: – Vamos! levanta esse “barro” da casinha que caiu e recomeça.

Tenho tanto barro ainda a juntar, talvez por isso meu sono esteja por aí, e, algum céu a voar. Até rimou, deve ser coisa de alma de passarinhar.

Crônicas e histórias cotidianas sensoriais
“Acredito que podemos ler, estimulando mais que um sentido. Por isso, em mais de 18 anos de profissão, me apaixonei pelo processo de escrever levando o leitor a usar além da visão, outros estímulos sensoriais.

marcelamuttoni1@gmail.com

Deixe uma resposta

Fique por dentro das notícias

Digite seu endereço de e-mail para fazer parte do nosso mailing e ficar por dentro de todas as notícias

Utilizamos ferramentas e serviços de terceiros que utilizam cookies. Essas ferramentas nos ajudam a oferecer uma melhor experiência de navegação no site. Ao clicar no botão “Aceitar” ou continuar a visualizar nosso site, você concorda com o uso de cookies em nosso site.

Espere um momento!

Assine nossa Newsletter e fique por dentro de tudo que Acontece

Não se preocupe, você será notificado apenas quando houver conteúdos novos em nosso site.

Ao clicar em “Assinar”, você concorda com nossa Política de Privacidade

Espere um momento!

Assine nossa Newsletter e fique por dentro de tudo que Acontece

Não se preocupe, você será notificado apenas quando houver conteúdos novos em nosso site.

Ao clicar em “Assinar”, você concorda com nossa Política de Privacidade