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Eleições 2020: Gramado tem apenas uma mulher negra entre 108 candidatos

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A chamada é impactante e nos coloca a pensar. Este número me chamou muito a atenção ao fazer uma análise mais aprofundada sobre o perfil dos candidatos em Gramado. Mas, para falar sobre este tema precisamos considerar algumas questões em primeiro lugar:

1 – Gramado foi colonizada por alemães, portugueses e italianos;
2 – Ainda hoje a cidade possui maioria de moradores de cor branca;
3 – Por aqui a etnia, a história familiar e as ligações históricas partidárias ainda são relevantes para a escolha dos candidatos.

Dito isto, vamos entrar no tema em si: Por que Gramado tem apenas uma candidata negra entre os 108 concorrentes no pleito 2020?

Não sei! Mas gostaria de iniciar esta importante discussão pois acho relevante falarmos de representatividade quando o tema é política local e nacional.

Temos sim, neste pleito, um razoável número de mulheres concorrendo (nenhuma para o Executivo). Todas concorrem ao Legislativo.

Temos gays? Temos sim! Mas nenhum identificando o tema inclusão entre suas bandeiras e discursos de campanha. Inclusive, temos vereadores eleitos, e que buscam a reeleição (assumidos publicamente) mas que nunca abordaram este tema em seus palanques. O que é uma pena, e uma perda de tempo e oportunidade de prestação de serviço comunitário.

Temos deficientes? Não consegui identificar. Estrangeiros? Também não.

Negros: em 20 anos morando em Gramado e Canela não me recordo de uma mulher ou homem negro que tenha ocupado algum cargo como vereador, ou como prefeito e vice.

Nas últimas eleições, no Brasil, apenas 24% dos eleitos eram negros, apesar de a maioria da população brasileira ser negra. Essa conta considera pretos e pardos. Na atual legislatura (Governo, Câmara e Senado), mulheres negras representam 2,5% do total de eleitos, enquanto as mulheres brancas são 12,28%. Homens brancos representam 62,57%, já homens negros, 22,02%.

Segundo Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia e Ciência Política no IESP-UERJ:

“Pretos e pardos somam metade da população nacional, mais precisamente 56,1% segundo dados do IBGE, mas ocupam cerca de um décimo do parlamento. Esta desigualdade cresce ainda mais quando observamos os cargos ocupados via eleições majoritárias como prefeituras, governos estaduais e senado”.

Para ele, a discussão é mais ampla pois, não necessariamente um candidato negro, gay, ou mulher (eleito) fará uso de suas atribuições para colocar em pauta as questões como inclusão social, representatividade da mulher e dos negros na organização social e política.

Mesmo assim, é preciso destacar que a composição da representação política não reflete apenas as preferências dos eleitores, mas também as restrições presentes na oferta de candidatos e candidatas por parte dos partidos políticos. “Tradicionalmente, negros têm menos acesso a partidos grandes e fortes no Brasil, o que reduz suas chances eleitorais“, fala o professor.

Voltando a Gramado: os partidos da cidade cometem um erro muito grande ao não pensar e tratar a representatividade e a pluralidade como tema de campanha desde o início de sua formatação.

Gramado recebe cada vez mais eleitores nordestinos, negros, e de várias etnias. Não somos mais apenas descendentes de alemães, italianos e portugueses. Está na hora de a cidade se tornar mais plural não só em seus bairros mais populares mas também em suas estruturas políticas.

A propósito, quero aqui saudar a única candidata negra de Gramado: Elenita Soares, que concorre pelo PCdoB. Parabéns também ao partido. Não a conheço ainda. Esta coluna tentou contato com a candidata sem sucesso. Gostaria de saber se ela pauta sua campanha também com este viés da representatividade da mulher e dos negros.

Que sirva de exemplo e motivação para outras mulheres e homens negros gramadenses, e também aos partidos da cidade. Que criem coragem e definam como opção para nós, eleitores, uma nominata mais plural da próxima vez.

Jornalista – Editor e fundador dos canais Acontece Gramado e Acontece Floripa.
flavio@acontecegramado.com.br

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