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Crônica: Nem Olavo nem Karnal, só um ateu à toa

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E morreu Olavo de Carvalho. Com importância tão insignificante, que quando vou falar dele, preciso buscar o nome na internet.

Já para mim, de insignificante importância, meu nome tem muito mais importância, uma vez que constato que faço parte de um seleto grupo não religioso de ateus. No mundo somos cerca de 2,5%, ou quase 200 milhões de pessoas, menos que um Brasil, mas que me parece significantemente importante. Estamos diluídos entre uma multidão de crentes em deuses. No Brasil, entretanto, se a proporção for a mesma, já somos 7 milhões, quase uma São Paulo inteira, o que não é pouco. Somos já importante e significantes.

Não-ateus me perguntam: – Como é que você vai se sentir se quando morrer for para o céu e se encontrar com Deus? Ou com o diabo no inferno?

Em primeiro lugar, eu não acho possível. Em segundo, isso não me amedronta. O Papa Francisco já afirmou que ateus bem intencionados vão para o céu, e eu sou muito bem intencionado. Já está pago o meu lote no além, sem precisar fazer mais nada, nem por obrigação nem por medo do castigo divino.

Imagino-me chegando no céu, sendo recebido por São Pedro:

– Bem vindo, José. Já estávamos esperando por você. Está surpreso?

– Nem um pouco. Minha mente é quântica. Ser ou não ser é normal, não ser e ser, também é. Nada me surpreende.

– Não dá o braço a torcer, heim? Mais surpresas o aguardam. Por exemplo, o Chefe quer vê-lo.

– Qual dos três?

– O grande Pai mesmo. Jesus e o Espírito Santo estão na Terra, preparando a volta do Messias.

– Preparando o juízo final?

– Isso mesmo, não damos 200 anos para o fim do mundo.

– Por que o chefão quer me ver?

– Vai te dar uma medalha de Nossa Senhora por ter sido bom filho, bom pai e bom cidadão. Mesmo que não tenha conseguido mudar o mundo, nosso representante Francisco Primeiro o recomendou. Genericamente, quero dizer. Diga, ainda descrê da existencia do Padre Eterno?

– Hum. Vamos dizer que neste quesito vou dar meu braço a torcer.

– Todos os ex-ateus chegam aqui mudando de idéia.

Eu não tive coragem de dizer ao bom velho Pedro que na verdade eu estava sonhando o meu último sonho, aquele sonho dos que estão morrendo e que só dura um segundo. Aquele em que vemos uma luz no fim do túnel e reencontramos nossos falecidos. Ou seja: só um sonho.

Por: José Carlos Rodrigues
Nascido em 1948, 73 anos.
Físico, meteorologista, professor de italiano, agricultor e metido a escritor. Aposentado, nunca.
Morador de Gramado. Da colônia.
jcrodrigues48@hotmail.com
*O Acontece Gramado publica as crônicas da turma da Oficina Santa Sede – Crônicas de Botequim, de 2022.

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