Na madrugada de 29 de abril de 2021, a jovem gramadense Vitória Gabriele Consoni, 19 anos, perdeu a vida em um acidente que ocorreu na Estrada do Carazal, interior de Gramado. Segundo relatos da época, o motorista do carro Gol que a jovem estava como carona, perdeu o controle, saiu da pista e capotou. Vitória não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo.

O motorista, namorado de Vitória, ficou preso às ferragens e sobreviveu. Após meses de investigação, a Polícia Civil indiciou o namorado de 20 anos e um casal de amigos, de 22 e 19 anos, por homicídio culposo da jovem. Segundo a Polícia Civil, a investigação apontou que o grupo ingeriu bebida alcoólica e depois fez uma disputa de racha, quando ocorreu o acidente. Os três jovens foram indiciados por homicídio culposo de trânsito, qualificado, por estarem sob influência de bebida alcoólica, e disputa de corrida não autorizada.

O julgamento inicia nesta terça-feira, dia 26 de março, no Fórum de Gramado, a partir das 14 horas. A acusação é do Ministério Público que busca responsabilizar o ex-namorado de Vitória, que dirigia o carro, e o casal que estava em outro carro envolvido no acidente fatal.

“Esperamos que o processo possa começar a se encaminhar para o desfecho adequado. Defendemos que o processo tramite com o respeito de todas as garantias processuais aos réus, mas também em tempo razoável. No próximo mês, já chegaremos a três anos do fato e, tão somente agora, estamos com a primeira audiência de instrução designada. Continuamos acreditando no Poder Judiciário e na correta aplicação da lei penal ao caso, com a condenação de todos os réus que, por conta de suas condutas imprudentes, acabaram por ceifar a vida da jovem Vitória”, disse ao Acontece Gramado o advogado Ramon Cavallin, assistente de acusação.

Familiares falam da dor da perda

Em entrevista para o Acontece Gramado, a irmã de Viória, Bárbara Leite, falou da dor da família, da luta por Justiça e das consequências da perda, três anos depois do acidente.

“Não tem como explicar em palavras o sentimento que temos, é uma dor imensurável. Não existe sequer um dia em que não lembramos, em que não sentimos a dor da saudade e da perda. Estamos há 3 anos sem um pedaço nosso aqui, existe a nossa vida antes com a Vitória e uma depois. Os dias nunca mais foram os mesmos, desde então temos enfrentado a dor da perda, a saudade, o vazio que vem nos acompanhando. Mas, com tudo isso também temos enfrentado problemas de saúde que essa perda desencadeou”, desabafou a irmã.

Segundo Bárbara, a família sempre foi muito unida, todos morando no mesmo pátio. “A Vitória sempre foi muito desejada por todos nós desde que minha mãe engravidou. A irmã mais nova, a que todos faziam tudo por ela, ela sempre foi uma guria do bem. Todos que conviviam com ela tinham um carinho especial. Estava sempre em função dos sobrinhos (a parte mais difícil é lidar com a dor de não ter ela aqui, e de ver a saudade e a dor que as crianças tem) ela cuidava como mãe, amava fazer farra com eles, estavam diariamente juntos inventando algo”, conta.

Sobre a audiência, a irmã fala do sentimento da família. “No dia do acidente estávamos em choque. Na quinta-feira, começou uma movimentação nas redes sociais, de pessoas que estavam nas proximidades falando do tal racha. Depois começaram a vir mais informações e a confirmação do racha. Mais um choque pra nós, poder entender o que tinha acontecido em meio a tanta dor, é muito difícil”, fala.

A família diz que os acusados, que vão a julgamento, omitiram socorro e fugiram do local do acidente. “Esperamos que a justiça seja feita, sabemos que nada vai trazer a minha irmã de volta. Mas, Deus é amor e é justiça, e tudo o que plantamos precisamos colher, então eles precisam arcar com as consequências dos atos deles”, finaliza Bárbara.