As desconfianças dos familiares de Patrícia Aguiar Cabral se mostraram fundamentadas com o avanço das investigações. A família desconfiou, desde o início, das circunstâncias da morte da trabalhadora após sair do hotel que trabalhava em Gramado na noite de sexta-feira, dia 7 de julho. Ela fazia o trajeto entre o trabalho em Gramado, e sua casa em canela, de moto.
Ela foi encontrada por volta da meia noite e meia e socorrida com múltiplas fraturas, não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo no Hospital de Canela. A família encontrou peças de plástico no local, próximo ao lago Joaquina Rita Bier em Gramado, que seriam de algum automóvel envolvido no acidente e que teria fugido do local.
O laudo inicial apontou uma possível queda como causa da morte mas, após pressão da família, a PC solicitou autópsia e o velório foi interrompido na manhã de domingo, dia 9, para que o corpo de Patrícia fosse levado até Osório para perícia.
Investigação da PC identifica motorista suspeita de estar envolvida
Segundo o Blog do Gerson, a Polícia Civil de Gramado confirmou que ocorreu a identificação do veículo e da motorista suspeita como possível envolvida no acidente que matou Patrícia. Segundo o delegado Gustavo Barcellos, o automóvel, uma Spin cor azul escuro, e a motorista, foram localizados em Três Coroas, cidade que a condutora reside. A suspeita foi interrogada na tarde desta segunda feira (10) pelos policiais de Gramado. O nome da condutora e mais detalhes não foram divulgados.
Segundo GZH, em depoimento, a condutora informou ter ido a uma lanchonete em Canela para o show de um amigo, onde diz ter ingerido bebida alcoólica. Contudo, ela não se recorda de ter se envolvido no acidente que causou a morte de Patrícia. A mulher, contudo, informou que, durante o percurso para casa, teria colidido em uma árvore. Disse ainda que um guincho foi acionado para levar o veículo para casa.
O Delegado Barcellos comenta que a Spin foi encontrada embaixo de uma lona. O veículo foi recolhido para perícia, assim como o celular da suspeita. O amigo da condutora também foi ouvido pelo delegado, teve o celular apreendido e está sendo investigado por ter auxiliado a mulher na suposta ocultação do acidente.
Familiares questionam Hospital de Gramado e vão até o fim por Justiça
Em entrevista ao Acontece Gramado o cunhado de Patrícia, Eliseu Gross, fala dos momentos difíceis que a família passa, os questionamentos e a luta por Justiça.
“A Polícia encontrou o veículo e identificou a condutora. A palavra que precisa ser falada com força é Justiça! Uma pessoa que faz isso não tem coração. Ela precisa ser julgada. Tirou a vida de uma mãe de família e não pode ficar impune. Que todos os envolvidos paguem pelo que fizeram. É só isso que a família quer, vamos lutar por Justiça em todas as instâncias”, destaca Eliseu ao Acontece.
Segundo ele, a família questiona o Hospital São Miguel de Gramado por não ter atendido Patrícia. “Fizeram vir até Canela com todas aquelas fraturas, sendo que o cartão SUS dá direito a consultar em qualquer lugar! Teriam que ter atendido a Patrícia”, fala o cunhado.
Segundo relato de Eliseu, quando o esposo de Patrícia chegou ao local do acidente, encontrou a moto em cima do guincho e lhe informaram que ela estaria no Hospital São Miguel de Gramado. Ao chegar no hospital gramadense, o marido viu que a esposa já estava em outra ambulância e foi informado que ela seria levada para atendimento no Hospital de Canela.
“Ela não poderia ser transferida do Hospital de Gramado estando ferida gravemente daquele jeito. Sabemos que em situações graves assim um minuto no atendimento pode mudar tudo”.
Eliseu fala ainda da batalha pela vida de Patrícia no Hospital de Canela. “Os caras lutaram desde a hora que chegou até o momento que ela faleceu. O médico em Canela não saiu de perto, fez todo o possível para tentar estabilizar ela e depois encaminhar para uma cidade com mais recursos que seria Caxias do Sul. Este atendimento Gramado devia ter feito, se tivessem feito talvez a história seria outra. É totalmente descabido o que ocorreu e o Hospital de Gramado precisa dar muitas explicações”, desabafa o cunhado de Patrícia.
Patrícia era cozinheira e uma trabalhadora dedicada
Patrícia tinha 40 anos, deixa marido e dois filhos, um de menino de 16 e uma menina de 18 anos. Ela trabalhava como cozinheira em um hotel de Gramado há vários anos. Natural de Canela, vivia para trabalhar se dedicando muito, relata outro familiar ao Acontece.
“Ela só parava para dormir”, destaca. Segundo este familiar, que preferiu não se identificar, Patrícia saiu do hotel no Bairro Planalto por volta da meia noite de sexta-feira. O acidente deve ter ocorrido minutos depois. Na noite da tragédia, chovia muito em Gramado.
O familiar destaca que o caso só teve desdobramentos porque a família foi atrás, não se conformou com a versão incial de que seria uma queda e investigou descobrindo as peças do carro, e indo atrás da motorista envolvida que mora em Três Coroas.
*A reportagem tenta contato com o Hospital São Miguel para que se pronuncie sobre os questionamentos dos familiares. Até o fechamento desta matéria os representantes do hospital gramadense não havia retornado o contato. Assim que a direção do Hospital São Miguel se manifestar o Acontece fará a divulgação.