Em entrevista para a Globonews nesta sexta-feira, dia 5 de março, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apontou possibilidades para o aumento de casos no estado, incluindo um possível relaxamento diante da vacinação e a influência de variantes mais contagiosas. À espera de estudos mais conclusivos, ele ainda levantou a possibilidade de o turismo ter agravado a situação em todo o Brasil.
“O ponto é que desde fevereiro começou uma onda gigantesca de contágio. Não quero fazer juízo, estudos vão dizer se são variantes ou um reflexo do turismo no começo do ano. Tivemos em janeiro férias de muitas pessoas. Dezenas de milhares vieram aqui para o RS, dezenas de milhares de gaúchos foram a outros lugares. Isso pode ter significado um contágio absurdo“, disse.
Diante desta situação, Eduardo Leite defendeu o seu trabalho em relação à oferta de atendimento médico, dizendo que desde o último ano mais do que dobrou a oferta de leitos no estado para combater a pandemia. No momento, há fila de pacientes esperando leitos de UTI no estado.
“Foram abertos mais de 1.100 leitos. O esforço está sendo feito, mas não o suficiente pelo crescimento assustador‘, disse. “Se não derrubarmos a taxa de contágio, não há estrutura de leitos que vença 300 leitos por dia sendo ocupados. É muito forte a velocidade e diminuir a taxa de contágio é a única solução“, completou.
Eduardo Leite acredita que, além de medidas restritivas, apenas a vacinação em massa pode derrubar a taxa de contágio no estado. Por isso, ele cobrou um esforço do governo federal para a disponibilização imediata de doses. “Não basta anunciar compras de vacinas, é preciso tê-las, adiantar as entregas. Não adianta ter 600 milhões de doses no segundo semestre, precisa ter agora“, disse Leite, que pediu esforço diplomático para que outros países cedam vacinas ao Brasil.
O governador ainda criticou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que ontem disse que determinações de fechamento de atividades não essenciais são “frescura” e “mimimi”.
“O que vivemos agora é desumanidade, que é mais do que irracionalidade. Já disse que não consigo compreender a mente do presidente, que parece perversa, despreza vidas humanas, mas mais difícil é tentar compreender o coração de alguém que ignora mais de 250 mil mortes, que ignora situação crítica, embaraçosa, constrangedora no cenário internacional. Brasil está isolado do mundo e (ele) está matando sua própria população“, disse.