Estava eu, em um churrasco de domingo – super clichê – quando escuto o comentário: “tudo bem ser gay, lutar pelos direitos, tudo, só não entendo a necessidade de ficar se expondo”. Obviamente, quem me conhece sabe, comecei uma discussão para explicar o porquê.
No entanto, tal comentário me fez refletir. Sim, é fato notório e sabido que a população LGBTQI+ tem conquistado diversos direitos nos últimos anos como a troca de nome sem a necessidade de laudo médico, o reconhecimento de família homoafetiva e, mais recentemente, o enquadramento da homo-transfobia enquanto crime. Essas conquistas, em que sua importância e relevância, passam uma falsa sensação de avanço.
Por que falsa? Porque ao mesmo tempo que se vê o crescimento de políticas voltadas à comunidade LGBTQI+, cresce igualmente a violência e os casos de preconceito, sendo o Brasil que mais mata LGBT’s no mundo, uma morte a cada 23 horas. A expectativa de vida de uma mulher trans no Brasil, segundo dados de um estudo do Hospital de Clinicas de São Paulo, é de 35 anos.
Atualmente no mundo tem 72 países em que a homossexualidade é criminalizada, sendo que em 13 deles há pena de morte para a pratica. Em uma conta rápida, considerando os 193 países reconhecidos pela Organização da Nações Unidas (ONU), em 37% dos países, homossexuais não só não são bem-vindos, como são considerados criminosos.
É por todos esses dados que é tão importante para as pessoas LGBTQI+ se posicionarem enquanto indivíduos e integrantes dessa comunidade. Mais que um ato de resistência, é um de existência. Muito já foi conquistado, mas ainda há muita luta pela frente, e não é sendo fora do meio que será mudado alguma coisa.
Se temos o pouco que temos, foi porque muita gente deu a cara a tapa e levantou a bandeira, aguentou a opressão do Estado e da sociedade. Quem cala, ou é calado como em muitos países, vive a mercê do querer dos outros. Por isso eu me exponho, por isso eu digo sou gay e com muito orgulho. Jamais deixarei arrancarem meus direitos, os quais foram conquistados com tanta luta. Acho que sim respondo bem, tai a necessidade de ficar “se expondo”.
Jovem estudante de direito, canceriano e idealizador do projeto Orientando
@jvcostacoutinho