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Estreia Letícia Rossa: Nós precisamos do jornalismo

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John Lennon morre após ser baleado em Nova Iorque. Papa Francisco é eleito no Conclave de 2013. Primeiro homem pisa na lua. Senado aprova impeachment de Dilma Rousseff. Ataques de 11 de setembro somam quase três mil mortes.

Estes fatos históricos não são inéditos para mim – e tampouco para você. Mas o que os transforma de um acontecimento bruto para uma informação mundialmente replicada? A resposta é simples, rápida e indolor: o jornalismo. A Comunicação Social atravessa todas as construções da realidade, em contextos seculares e gerações bem anteriores aos nossos tataravôs. É a prática de informar que narra a história, que conta o cotidiano, que traduz as experiências do mundo.

Daí a urgência do comunicador – e aqui reitero a função do ou da jornalista – se sustentar em sua credibilidade para levar à sociedade a informação mais útil, honesta e completa. E não há fórmula especial, pó mágico ou caminho secreto para garantia da credibilidade: a estratégia é repensar, a todo e qualquer instante, o discurso que nós, enquanto jornalistas, espalhamos no jornal, na televisão, no rádio, na internet, na assessoria de imprensa; é atentar na escolha de cada palavra – porque os sentidos atribuídos àquilo que escrevemos, via de regra, não são os mesmos para Maria ou Francisco, para você ou seu vizinho.

A rotina do profissional de Comunicação Social deve ir além do papel, da caneta, da câmera: é preciso que se transborde a teoria e que os livros não sejam escora de porta – mas alavanca de inferências, de problematizações, de inspirações para que, com o direito que nos é atribuído, possamos informar.

Diante da sociedade de consumo e da saturação de notícias, é dever imprescindível do jornalista interpretar e traduzir dados e fatos. Não cabe (só) informar: é necessário investigar, detalhar, perguntar. O verdadeiro ou a verdadeira jornalista sempre será aquele que faz a sociedade pensar.

Não se vende reportagem, não se compra um fato
E aqui, na conquista dessa tal de credibilidade, a honestidade é palavra-chave. É básico e até me parece primário: não se divulga algo do qual não se tem 100% de certeza. Não se deixa uma preferência pessoal interferir na ideia que está sendo construída. Não se vende reportagem. Não se compra um fato. Notícia é notícia – e ela precisa de nós, jornalistas, para ser acontecimento.

Ora, é por estas razões que não se fala em “jornalismo real” ou “jornalismo de verdade”. Porque, afinal, não é este o papel do jornalismo. A nossa função social é apurar, responder, traduzir – portanto, se torna incoerente sequer cogitar uma comunicação que seja irreal ou mentirosa. A parcialidade, amigos e amigas, é uma falácia. Sempre foi e sempre será. Não há jornalismo imparcial, uma vez que, enquanto seres humanos pensantes (alguns nem tanto), somos resultado de uma construção de classe, de história, de trajetórias, de culturas.

Somos o recorte de uma geração – e trazemos, em cada decisão, a soma de nosso passado e daqueles que vieram antes de nós. Assim sendo: a escolha de cada palavra, legenda, imagem, vírgula, fala ou silêncio é condicionada. Uma mesma informação pode ser noticiada, por exemplo, de 100 diferentes maneiras, por 100 diferentes jornalistas – e, se bem apuradas, nenhuma forma estará errada. O motivo? São 100 profissionais distintos que acumulam vivências, saberes e práticas diversas.

Mas isso, vejam bem, não tem relação com falta de caráter, manipulação ou invenção noticiosa. Apesar de diferentes, estes 100 jornalistas podem estar corretos: desde que respeitem o seu público, honrem o juramento (firmado na colação de grau) e se ancorem naquilo que determina o Código de Ética.

No terceiro país que mais derrama notícias falsas sem consequências (estamos apenas atrás de Turquia e México, conforme o Reuters Institutte Digital News Report), ser jornalista é questão de responsabilidade social. É preciso combater, dura e severamente, cada inverdade mascarada de notícia – para que possamos vislumbrar, enfim, a retomada de uma democracia social e informativa.

*É com muita honra que escrevo esta coluna de estreia para o Acontece Gramado. A cada edição, trarei neste espaço relatos e opiniões da minha trajetória profissional amparados em questões de feminismo, gênero, jornalismo, democracia e identidade.Sou graduada em Jornalismo, mestra em Comunicação e doutoranda em Comunicação pela Unisinos. Caso se sintam interessados, será um prazer conversar mais com cada um e cada uma de vocês: leticiaf.rossa@gmail.com.


Jornalista, mestra em Comunicação e doutoranda em Comunicação
leticiaf.rossa@gmail.com

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