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Karen Dinnebier com Aly Mello: Vidas Negras Importam

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Caro leitor,
Já na semana passada tive vontade de escrever sobre a repercussão do assassinato de George Floyd por um policial numa atitude claramente racista e sobre o movimento Black Lives Matter, mas pensei e resolvi fazer melhor.

Não que precise exclusivamente ser negro para ser contra o racismo ou ser mulher para ser contra o machismo ou ainda ser gay para ser contra a homofobia, mas por tudo o que esse movimento representa é a hora de eu, mulher branca, dar voz às mulheres negras para quem tem de ser ouvida.

E falando em ser ouvida, já cito uma mulher foda, mulher esta que está no topo da minha lista das mulheres que eu ainda quero ser, que é a Angela Davis. Diz ela que quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela. Isso porque a sociedade é feita por camadas de prioridades e privilégios, o homem branco está no topo e a mulher negra está na base, então, quando as mulheres negras ganham força, significa que toda a estrutura desta ordem de prioridades se movimenta.

Citando mais um pouco de mais Angela Davis: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista.”

Com vocês, Aly Mello, mulher, negra e que tem voz.

Aly Mello

Vidas Negras Importam.

“Todas as vidas importam”. Tenho lido muito essa frase. Aí não sei se a pessoa está a par dos últimos acontecimentos, se não quer atritos ou vive em uma bolha. Desde criança ouço histórias de negros. Minha mãe é negra, minha avó é filha de ex-escravos recém libertos: porém, continuaram a trabalhar na fazenda em Minas Gerais onde ela foi deixada com 4 anos para aprender deveres domésticos; lembrava de cada momento que passou lá (outra hora conto).

Minha mãe foi a única aluna negra em uma escola de freiras no Rio de Janeiro nos anos 50. Desde cedo aprendeu a ser tratada diferente pela cor da pele mas conseguiu ter ótima educação, tanto na escola como em casa. Acredito até hoje que somente a educação pode mudar a mentalidade das pessoas.

Quando nasci (uma mistura de raças, pai branco e mãe negra) fui rejeitada pelos meus avós paternos: nunca aceitaram ele ter casado com uma “negra”. Minha irmã e eu éramos chamadas de “aquelas negrinhas”.

Não estou aqui para contar minha história e sim para falar de um assunto muito importante, complexo. Não imaginava que em 2020 ainda teríamos que falar muito sobre ser discriminado pela cor da pele. Que em plena pandemia as pessoas precisariam ir para as ruas protestar por um homem negro ser morto pela polícia.

E mais: ver jovens negros assassinados, um menino de 5 anos cair de uma janela por desdém da patroa branca e mulheres negras serem mortas diariamente. “Ah, mais todos os dias morrem pessoas brancas”, “não sou racista, tenho amigos negros”; “há cotas para negros, mas existem brancos pobres“; “há negros racistas também”.

Parem de falar essas frases. No Brasil as pessoas desconhecem a história, o papel que o negro desempenhou na construção de nosso país. Que foi fundado em cima de trabalho escravo. E mesmo quando a escravidão foi abolida oficialmente em 1888, nenhum direito foi garantido aos negros. E que sem acesso à terra e qualquer tipo de indenização ou reparo por tanto tempo de trabalho forçado, muitos permaneceram nas fazendas ou tinham como destino o trabalho pesado e informal. As condições subumanas não se extinguiram.

O racismo existe. Por mais que as leis garantam a igualdade entre as raças, sabemos que é somente na teoria. Na prática é diferente. Basta olhar ao redor: se você está em uma faculdade, pense em quantos colegas e professores negros tem. Ou se for ao hospital, Fórum, Congresso Nacional. Mas vá na periferia de sua cidade, no presídio ou em escolas públicas: o número de negros será sempre maior. Percebe o que quero dizer? Algo está errado, não?

As manifestações que aconteceram em de maio de 2020, após a morte de João Pedro e de George Floyd, mostram como o racismo e a violência – em especial a policial – precisam ser debatidos e enfrentados. Precisamos falar sobre o racismo, o silêncio nos torna responsáveis por sua manutenção.

Para finalizar, aproveitem e vejam séries sobre o assunto. Leiam livros de escritoras e escritores negros. Instagram está lindo com vários artistas emprestando suas contas. Paulo Gustavo cedeu a sua para Djamila Ribeiro (procurem saber quem é ela). Bruno Gagliasso cedeu para a Ruby Bridge, primeira menina negra a estudar em uma escola de brancos, ela é pura inspiração. Assistam a série “Olhos que condenam”. Assisti com meus filhos, eles…choraram.

O racismo terá fim? Acredito que falta muito. Mas me sinto tão feliz em saber que as pessoas que eu gosto, que sou fã tem uma visão da vida tão ampla que a última coisa que reparam em outra pessoa é a cor da pele.

Espero que um dia nenhum jovem de capuz seja confundido com bandido. Que nenhuma mulher negra de vestindo branco com outra criança pensem que é sua babá. Esse ano vai entrar na história, isso é um fato. Que fique de modelo a não seguir pelas próximas gerações.
Um abraço!
Aly

Por Karen Dinnebier
“Comecei a trabalhar aos 14 anos porque queria ser independente. Entrei na faculdade de Comércio Exterior, depois mudei para administração, mas pelo 5º semestre abandonei. Fiz Moda na Perestroika e atualmente curso Sociologia. Tenho apreciações diversas, interesso-me por assuntos variados e parei de tentar encaixar-me e passei a aceitar que sou assim, fora do padrão e movida pela paixão.”
Contato: karendinnebier@gmail.com

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