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Letícia Rossa: Um texto sobre Jair Bolsonaro

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  • O erro da ditadura foi torturar e não matar.
  • Através do voto você não vai mudar nada neste país.
  • Vamos fuzilar a petralhada.
  • Esses marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria.
  • Somos um país cristão, porque não existe essa historinha de Estado laico.
  • Eu jamais iria te estuprar porque você não merece.
  • Na quinta gravidez eu dei uma fraquejada e veio uma mulher.
  • O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e ele muda o comportamento.
  • Não existe homofobia no Brasil.
  • Acho que nem para procriadores os negros servem.
  • Quem usa cota está assinando embaixo que é incompetente.
  • O dinheiro do auxílio-moradia eu usava para comer gente.
  • O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer.
  • Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira.

Você sabe quem é o autor destas frases. É um sujeito de nome Jair, mas que também atende como Mito. Ou Capitão. Assim mesmo, em maiúscula.

Homem adulto, pai de família, cristão evangélico. Acumula uma exemplar experiência de 27 anos no respeitável assento de deputado federal – período no qual aprovou adoráveis dois projetos. Filho de Deus que, veja só, trabalha em favor da nossa gente brasileira.

O valioso currículo do maroto militar escancara, ainda, um curso de paraquedismo que é bastante útil ao Brasil (ajudando no combate à fome, à pobreza, à insegurança, etc).

Logo abaixo, entre a vasta lista de méritos do paulista de sotaque carioca, está a linhagem política do clã Bolsonaro: Flávio, Carlos e Eduardo (os filhos Zero Um, Zero Dois, Zero Três) repetem os passos de papai. O maior talento destes rapazes é fazer uso de seus neurônios atrofiados para rir de cada um de nós, do conforto de seus gabinetes decorados em verde e amarelo. Quando confrontado, o trio de herdeiros corre para o colo do pai. São especialistas no quesito “somos só uns garotos”, embora o mais moço já some 36 graciosas primaveras.

Jair se firma em uma meritocracia forjada nos privilégios de homens cis, brancos e héteros. O deputado paraquedista recria o jeitinho brasileiro como o “ordem e progresso” da nossa geração. No terceiro casamento, o pai do Bolsonaro Zero Quatro “que comeu o condomínio inteiro” também gagueja piadas de cunho sexual com crianças e aponta ao céu com as mãos em formato de arma – porque sabe que seu gado aplaudirá.

É um caricato, esse tal de Jair.

O adolescente de 65 anos habita uma eterna quarta série do ensino fundamental, em que seu pênis é o centro da galáxia. Messias tem um complexo com furos, também. Seja de jornalismo, seja de mulheres, seja de homens; para ele, pouco conhecedor de nosso idioma (culpa dos neurônios, como mencionei), toda expressão será sexualizada com aquele riso torto de quem “já comeu galinhas e bezerrinhas porque não tinha tanta mulher”.

Mas tem mais: o marido de Michelle também comanda grupos de extermínio, conferindo autógrafos e permissões com todo o glamour de sua caneta Bic.

É do gabinete de Jair, enfeitado com a bênção do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que ecoa o hino “pelo menos tiramos o petê ê ê” – tudo isso sob a nossa aclamação.

É hilário, esse tal de Jair.

A resposta da burrice é o grito
O ignorante sabe que é ignorante. Na vitrine até pode projetar a aparência da indiferença, do sucesso, da esperteza. Mas ele sabe. O garoto Jair, ele sabe. Há mais de 630 dias desgoverna o país na base do grito – é assim que agem os covardes, afinal. Com a proteção de Nossa Senhora da Meritocracia Branca, braveja com a certeza típica aos idiotas. Quem não concorda, que tome porrada.

Ao reproduzir um discurso insipiente, rude e mofado (como diria a genial professora Marcia Veiga), o antipresidente vomita teorias irracionais ancoradas em vozes de sua cabeça. A ciência de Messias se sustenta em um corpulento achismo. A convicção de Jair se ancora em uma medíocre autoestima.

 É com a agilidade de quem tem histórico de atleta que o Mito-Capitão se consagra, em primeiríssimo lugar, como o rosto daquilo que chama de família tradicional brasileira. É do trono de eleito que ergue a pleno mastro a bandeira do trabalho, do corte de benefícios, da igualdade de deveres – mas sem descer um degrau sequer do ego que infla suas rechonchudas contas já tão milionárias. E bom moço que é, traz uma manada de gados aos seus pés. Mas ainda é preciso mais de um Queiroz, um Moro e uma Damares para carregar o peso das vergonhas dos Bolsonaros.

Os desastres têm sobrenome
Esse brasileiro de nome Jair carrega nos ombros a confiança de 57,7 milhões de brasileiras e brasileiros que se tornaram cúmplices do desgoverno. O Brasil é um país machista, xenofóbico, racista, homofóbico.

Mas desde aquele 28 de outubro de 2018 há uma lei que berra, em silêncio: mulheres, negros e negras, população LGBTQ, cidadãos e cidadãs do Nordeste, indígenas (e tantos mais) não são gente. Ou, melhor: não são gente que mereça o mínimo e digno respeito.

 Em diferentes sotaques e endereços, o que reverbera é uma fala ancorada em notícias falsas, replicadas por uma camada massiva desse Brasil que um dia sonhou com Ciências sem Fronteiras, com casa própria e com viagem de avião – e que hoje, tão porcamente, se satisfaz em espalhar biscoitos da sorte e teorias terraplanistas via Messenger e WhatsApp.

E pobre de você que não compartilhar as correntes para 17 pessoas (#B17): mais dois anos de azar (mas, vem cá, deixa te contar um segredo… azar todos nós teremos).

É com a decência do militarismo brasileiro que o Capitão compromete a história da Letícia, do José, da Dona Maria, do Seu Antônio. É com a honestidade inspirada em ministros laranjas que Jair mata a luta de Marielle (e a minha também). É com a coragem de quem diz que “é só uma gripezinha” que o Mito aniquila o futuro de meninas e meninos pobres, todos os dias.

Eu não sei se burrice tem sobrenome. Mas mau caratismo, com certeza, tem.

Pelo menos tiramos o petê

O personagem Jair Bolsonaro é o farol do conservadorismo brasileiro.

A culpa é dele, mas a responsabilidade também é nossa. É minha, que silenciei diante de uma imprensa suja e covarde. É sua, que apertou 17-Confirma.

É do meu vizinho, que se encolhe com o grito do “taoquêi?”. É do seu tio, que espalha mentiras como se fossem músicas do Caetano.

Nós rimos de Dilma, que estocaria o vento. Nós ridicularizamos Cabo Daciolo, que subiu ao monte para orar. Nós criticamos Boulos, que falava dos “50 tons de Temer”. Mas nós tínhamos opção. Qualquer opção.

Este é um texto sobre Jair Messias Bolsonaro. O antipresidente que eu e você ajudamos a eleger.

Jornalista, mestra em Comunicação e doutoranda em Comunicação
leticiaf.rossa@gmail.com

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