Após um encontro com alguns empresários, na última quinta-feira, dia 11, o prefeito de Gramado, Nestor Tissot, anuncia a abertura de licitação para compra de R$ 250 mil reais em ivermectina e polivitamínico para o tratamento precoce contra a COVID.
“Autorizei a abertura de licitação para compra dos medicamentos pela Prefeitura. Serão investidos mais R$ 250 mil em ivermectina e polivitamínico de A a Z”, disse Nestor Tissot. O pedido foi feito pelo grupo de empresários, liderados pelo sócio da Goods Br, Josué Neumann Spengler.
O objetivo é ofertar aos funcionários e familiares dois medicamentos, a ivermectina e o polivitamínico de A a Z, como tratamento precoce contra o Coronavírus.
Ao todo, 17 empresas de Gramado ofertarão a medicação aos empregados e familiares. A reunião para a tomada de decisão do investimento teve a participação do prefeito, empresários, médicos, secretário de Saúde, Jeferson Moschen, e o secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico e Coordenador do Gabinete de Crise Covid-19, Dr. Ubiratã.
Uso da ivermectina não é recomendado para Covid
Em fevereiro deste ano, a farmacêutica Merck, responsável pelo desenvolvimento do medicamento ivermectina, informou em comunicado que não há dados que sustentem o uso do remédio contra a covid-19.
Médicos e enfermeiros dos principais hospitais de São Paulo dizem que ainda ouvem, com frequência, relatos de pacientes internados em leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) para covid-19 que tomaram ivermectina para combater o novo coronavírus. O vermífugo é usado há 40 anos na África e na América Latina, mas não tem eficácia no tratamento contra a covid-19, segundo a própria fabricante.
Agora, médicos têm relatado casos em que o uso da substância levou pacientes à falência hepática, ou seja, o paciente precisa de um transplante de fígado para sobreviver.
A Ivermectina, assim como a Cloroquina e Hidroxicloroquina foram adotadas, pelo próprio governo federal, como tratamentos e medicamentos para prevenir o coronavírus — parte do chamado “kit covid”, com drogas que supostamente (e sem comprovação científica) seriam eficazes no “tratamento precoce da doença”.
Na semana passada, o presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Fred Fernandes, publicou em seu Twitter que foi solicitado para fazer uma avaliação para uma paciente com hepatite medicamentosa.
“Hepatite medicamentosa por Ivermectina. 18 mg por dia por uma semana. Por covid leve em jovem. Muito triste ver uma pessoa jovem a ponto de precisar de transplante por usar uma medicação que não funciona em uma situação que não precisa de remédio algum“, escreveu.