Casos de preconceito como racismo, xenofobia, homofobia, gordofobia, e outros, vem ganhando destaque na imprensa nos últimos anos. Recentemente, casos de racismo no Brasil envolvendo marcas de grife, escolas e cafés badalados das grandes capitais, se tornaram rotineiros.

Casos recentes de racismo no futebol envolvendo times brasileiros e argentinos, onde os jogadores e torcedores brasileiros foram chamados de “macaco”, por torcedores e jogadores estrangeiros, também foram manchete.

O desabafo de uma empresária canelense neste domingo, dia 5 de junho, chamou a atenção nas redes sociais e gerou debate imediatamente. A chef patissier, Amanda Selbach, que comanda um empreendimento que leva seu nome, o Amanda Selbach Pâtisserie, postou sobre o tema em suas redes sociais.

Segundo ela, desde que abriu sua loja (localizada no Centro de Canela), alguns de seus colaboradores de outros estados vem sofrendo preconceito. “Um casal do Rio de Janeiro já ouviu barbaridades como, (…vocês tem que mudar de sotaque pois aqui não aceitamos pessoas de fora), numa destas ouvimos, por uma água atrasar, (…carioca só vem ao Sul pra fazer merda); outra colaboradora que veio do Nordeste ouve inúmeros comentários sobre seu sotaque”, contou Amanda.

A empresária segue dizendo que tem em sua equipe pessoas do Sudeste, Nordeste, Senagal e que o preconceito que eles sofrem “dá um nó na garganta”.

“Minha equipe é fantástica e agradeço cada um, e merecem respeito. Eu já fui pra fora (do país) e muitas vezes vulgarizavam os brasileiros e eu me sentia muito mal. Mas resisti, assim como eles resistem calados. É muito fácil ter aplicativos que avaliem restaurantes. Devia existir para avaliar clientes que desrespeitam a vida destas pessoas dignas”, falou Amanda.

Em poucas horas a postagem recebeu dezenas de comentários. Em contato com o Acontece Gramado e esta coluna, Amanda falou sobre o seu desabafo e a necessidade de conscientizar moradores e turistas sobre o tema. “Nós temos aqui na região cada vez mais pessoas vindo de fora pois estamos carentes de mão de obra. Estas pessoas precisam de trabalho e são dignos, temos muitos trabalhadores de fora aqui nos ajudando. Sofrer preconceito é muito dolorido para eles“, finalizou a empresária.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, denúncias de racismo ou injúria racial mais que dobraram nos cinco primeiros meses de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021. O aumento foi de 135% em casos registrados pelo órgão estadual.

Em Porto Alegre, os casos são concentrados pela Delegacia de Combate à Intolerância, inaugurada há um ano e meio. De acordo com a Polícia Civil, a maioria dos episódios acontece no ambiente de trabalho e em locais de convivência, como condomínios.

Preconceito de qualquer natureza é crime e deve ser denunciado imediatamente para autoridades policiais mais próximas.