Durante uma grande feira gastronômica, uma pequena empresa de vinhos da Serra Gaúcha fez um experimento com casais que teve um resultado, no mínimo, surpreendente. Ao chegar na estante o casal era cordialmente convidado a participar de uma pesquisa de opinião e, após sentarem-se confortavelmente, cada um recebia um taça de vinho para degustar e, então, expressar seu grau de satisfação.
Logo na primeira taça, o sommelier, anteriormente preparado para o experimento, passava as seguintes informações antes da degustação: Este é um vinho Cabernet Sauvignon Premium, produto de uma rara safra de altíssima qualidade, possui aroma levemente frutado, composto de excelente estrutura tanínica e foi envelhecido por dez anos. É um vinho premiado, considerado topo da gama e já recebeu o selo internacional de qualidade. Uma garrafa deste vinho custa em torno de R$ 490,00. As reações dos casais eram empolgantes: Simplesmente maravilhoso! Uma delícia! Fiquei toda arrepiada! O prazer e satisfação eram nitidamente percebidos no brilho de seus olhos e as notas sempre eram 9 ou 10.
Logo em seguida, era-lhes servido uma segunda taça de vinho e, antes que bebessem, era dito o seguinte: Este é um Cabernet Sauvignon basiquinho, produto de uma safra comum, mas de boa qualidade, aroma também levemente frutado, devido a sua baixa estrutura tanínica não pode ser envelhecido por muito tempo, tem apenas 2 anos. Não recebeu nenhuma premiação, mas tem o selo nacional de qualidade e uma garrafa custa R$ 49,00. As reações eram apáticas: Bonzinho. É bom também, mas não igual ao outro. Esse é mais ácido, ardeu minha língua. Não gostei. A nota máxima foi 6. O sommelier então revelava que eles haviam tomado o mesmo vinho nas duas degustações.
Duas reações completamente diferentes de uma mesma pessoa para uma mesma experiência! A explicação lógica é que nossas ações, reações e sensações estão diretamente ligadas à percepção de valor e significado que nosso cérebro dá ao momento, confirmando que o nosso comportamento, bem-estar e prazer podem ser, e são na maioria das vezes, frutos dos estímulos externos recebidos.
Assim acontece com as fake news. Elas são distorções de uma verdade com a intenção de causar uma reação em cadeia, tendo como base uma notícia real, urgente e com personagens reais de situações atuais e, por isso, ela se espalha com um praga que altera percepções dos indivíduos e causa reações devastadoras para a sociedade e, principalmente, para a imagem das pessoas envolvidas.
Especialistas sugerem que para se combater notícias falsas, devemos checar a fonte antes de repassar. Importantíssimo, todavia, prefiro acreditar que podemos ir além e desenvolver um controle natural das informações vindas de fora para alterar as sensações provocadas em nosso interior. Sim, mudanças simples como, por exemplo, decidir desligar a televisão e ir ler um livro; reduzir o tempo gasto nas mídias sociais; preferir assistir vídeos tutoriais a vídeos engraçados ou usar nosso tempo livre para fazer cursos online, podem alterar drasticamente a distribuição das fake news e, de quebra, desenvolver o indivíduo.
Pergunto a você: Se eu te entregasse ovos, farinha mofada, fermento vencido e limão e te pedisse para fazer um delicioso bolo de chocolate, você conseguiria? Com muito talento você produziria, no máximo, um indigesto bolo sabor limão azedo. Assim são os nossos comportamentos, não é possível ter uma mente positiva, leve e empolgada com a vida, tendo como ingredientes notícias ruins, tragédias, roubos, preocupações com crise e uma gama infinita de conteúdos fúteis que roubam nosso tempo. Elas entram pelos nossos olhos, ouvidos e se alojam em nosso cérebro para então produzir reações típicas de indivíduos negativos, pessimistas e até violentos. Não se engane, tudo que entra no seu cérebro vai sair um dia.
Não estou dizendo que temos que ser indivíduos desinformados e alienados, isso nos tornaria vulneráveis às manobras das mentes maldosas deste mundo, mas que saibamos dividir nosso tempo com conteúdos inspiradores e introduzir em nossa rotina conteúdos de valor capazes de construir as bases sólidas de indivíduos com poder pessoal, justos, autoconfiantes. Indivíduos capazes de diferenciar o que sentem de informações externas tendenciosas e com senso crítico positivo que amplia seu discernimento.
Decida hoje mesmo instalar um filtro mental para tudo aquilo que entra em seu cérebro, se aloja em seu coração e molda seus comportamentos. Esta é a essência da Reeducação Positiva: escolher reduzir a interferência dos estímulos negativos e abrir espaço para o novo, o positivo e o edificante em nossas vidas. Nós temos esse poder.