O acesso à Região das Hortênsias passará por uma transformação completa no modelo de cobrança de pedágio e em sua infraestrutura viária. O governador Eduardo Leite detalhou, nesta terça-feira (28), o novo projeto de concessão do Bloco 1 de rodovias estaduais, que impacta diretamente os principais acessos a Gramado e Canela, como a RS-115, RS-235 e RS-466.
A proposta principal é extinguir as atuais praças de pedágio, hoje administradas pela EGR, e implementar um sistema “free flow” (fluxo livre), com pórticos eletrônicos que cobram por quilômetro percorrido.
Embora o sistema prometa uma cobrança mais justa, ele resultará em um número maior de pontos de taxação. Na prática, todos os principais acessos a Gramado e Canela passarão a ter cobrança, confirmando a lógica de que não será possível entrar ou sair da região sem pagar pedágio.

Como contrapartida, o projeto prevê um investimento de R$ 6,41 bilhões no bloco, financiado pela iniciativa privada ao longo de 30 anos. Para a Serra, as obras mais aguardadas estão incluídas: a duplicação total da RS-115 (que liga a região ao Vale do Paranhana) e a duplicação da RS-235, entre Nova Petrópolis e Gramado.
Onde ficarão os novos pedágios?
O plano detalhado pelo governo prevê a instalação de 23 pórticos de “free flow” em todo o Bloco 1. Para quem se desloca à Região das Hortênsias, os principais pontos de cobrança estarão localizados em:
- RS-115 (Acesso via Taquara): Haverá pórticos em Três Coroas e em Gramado.
- RS-235 (Acesso via Nova Petrópolis): Serão instalados pórticos em Nova Petrópolis, Gramado e São Francisco de Paula.
- RS-466 (Estrada do Caracol): Um pórtico será instalado em Gramado, no km 4 da rodovia que liga o centro de Canela ao Parque do Caracol.
Mais pedágios, mas valor final pode ser menor
A principal mudança para os motoristas será a multiplicação dos pontos de cobrança. O trajeto entre Caxias do Sul e Gramado, por exemplo, que hoje conta com uma única praça de pedágio (R$ 7,10, em Gramado), passará a ter dois pórticos na RS-235 (um em Nova Petrópolis e outro em Gramado).
No entanto, a cobrança por quilômetro rodado pode tornar o valor final da viagem mais barato. Segundo as projeções do governo, a soma dos dois novos pórticos nesse trajeto seria de R$ 5,77, um valor inferior ao cobrado atualmente.
O valor estimado por quilômetro rodado no Bloco 1 será de R$ 0,21. Este preço, segundo o governador, só foi possível graças a um aporte de R$ 1,5 bilhão do governo estadual (via Funrigs) para baratear a tarifa, que originalmente seria de R$ 0,32.
Pedágio na rota do novo aeroporto
A inclusão de um pórtico na RS-466 chama a atenção por sua localização estratégica. A rodovia, que hoje termina no Parque do Caracol, é exatamente a que será estendida para ligar Canela ao novo aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul.
Com isso, o deslocamento de turistas entre o futuro aeroporto e a Região das Hortênsias exigirá a passagem pelo novo pedágio, que, segundo as projeções, terá uma das tarifas mais altas do trecho, estimada em R$ 5,92.
Obras previstas e próximos passos
O governador Eduardo Leite defendeu o modelo de concessão como a única forma de viabilizar obras de infraestrutura que o Estado, sozinho, não teria capacidade de realizar. “As concessões nos permitem atrair investimento privado para a infraestrutura”, afirmou.
Além das duplicações da RS-115 e RS-235, o projeto do Bloco 1 prevê a construção de pontes mais elevadas em áreas de inundação, obras de drenagem e medidas de prevenção a deslizamentos, criando “estradas resilientes”.
O projeto agora passará por um período de consulta e audiências públicas. A publicação do edital está prevista para o primeiro trimestre de 2026, com o leilão ocorrendo no segundo semestre do mesmo ano. Com a assinatura dos contratos, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) deixará de operar nestes trechos.













