O Brasil perdeu neste sábado, 30 de agosto de 2025, um de seus mais geniais cronistas. O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo morreu aos 88 anos, em Porto Alegre, em decorrência de complicações de uma pneumonia.
Dono de um humor fino, uma ironia precisa e uma capacidade ímpar de traduzir a alma cotidiana, Verissimo deixou um legado que perpassa gerações de leitores e admiradores. Sua relação com as raízes gaúchas era profunda, e um de seus mais notáveis afetos era a cidade de Gramado, na Serra Gaúcha.
A ligação do escritor com o célebre destino turístico foi imortalizada em sua obra, de forma especial no livro “Gramado, Brasil”, uma aclamada colaboração com o fotógrafo Leonid Streliaev. Conforme relatou Streliaev ao Acontece Gramado, Verissimo nutria um carinho especial pela cidade, o que se reflete em frases que capturam a essência do município.
Com sua genialidade literária, Luis Fernando Verissimo traduziu em palavras a alma da cidade, afirmando que “A colônia foi a raiz” sobre a qual se ergueu um dos mais celebrados destinos do Brasil. Esta frase, presente na obra conjunta, sintetiza a profunda compreensão do escritor sobre a identidade de Gramado, forjada pelo trabalho e pela cultura dos imigrantes europeus.
Em outro trecho marcante, ele expande essa percepção: “Gramado foi construída em cima do que eles fincaram no chão. A colônia foi a raiz.” A citação encapsula a visão de Verissimo sobre a herança dos colonizadores como o alicerce fundamental do município. Com seu olhar aguçado e sua prosa inconfundível, o escritor não apenas descreveu as paisagens, mas interpretou o espírito de Gramado, ajudando a solidificar sua imagem como um lugar de beleza, trabalho e cultura.
Sua obra, portanto, transcende o simples registro e se torna parte do legado da própria cidade. Ao tecer a imagem de Gramado com os fios da imortalidade que só a grande literatura pode oferecer, Luis Fernando Verissimo garantiu que sua admiração pela cidade serrana ficasse permanentemente gravada no imaginário brasileiro, conferindo-lhe um lugar de destaque não apenas nos mapas turísticos, mas também nas páginas da nossa cultura.
