
Em um movimento considerado um divisor de águas para a mobilidade e o turismo no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite autorizou, nesta quinta-feira (7), a construção de uma ferrovia para o transporte de passageiros ligando a Região Metropolitana de Porto Alegre à cidade de Gramado, um dos principais destinos turísticos do país. A assinatura do termo de autorização, realizada no Palácio Piratini, abre caminho para um investimento privado de R$ 3 bilhões no projeto.
A nova ferrovia, que representa um marco na logística do estado, promete ser uma alternativa moderna e sustentável ao transporte rodoviário, principal via de acesso à Serra Gaúcha atualmente. O projeto prevê a conexão de nove cidades, com partida do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e destino final em Gramado.
A autorização é uma das primeiras do gênero no país para o transporte de passageiros sob o novo Marco Legal das Ferrovias (Lei nº 14.273/2021), que permite a construção e operação de novas ferrovias pela iniciativa privada por meio de autorização, um modelo mais ágil que o de concessão. A empresa ou consórcio responsável terá o direito de explorar a linha por 99 anos.
O projeto, que agora avança para as fases de detalhamento de traçado e licenciamento ambiental, enfrentará desafios de engenharia significativos, como a superação de um desnível de 800 metros na serra. A expectativa é que o traçado definitivo esteja concluído até junho de 2026, com a licença de instalação ambiental prevista para maio de 2029. Após a emissão da licença, as obras devem durar cerca de seis anos e meio.
Com trens que poderão atingir até 130 km/h, a viagem de 84 quilômetros entre a capital e Gramado deve durar pouco mais de uma hora. Inicialmente, o projeto contempla uma ligação direta, mas a inclusão de paradas intermediárias será avaliada em estudos futuros. Além do transporte de turistas, há a possibilidade de utilização da via para o escoamento de cargas em horários de menor movimento de passageiros.
O ato no Palácio Piratini contou com a presença de secretários de estado, investidores e representantes do consórcio Sultrens, formado pelas empresas RG2E Engenharia Consultiva, STE Engenharia e BF Capital, responsável pelos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA) do empreendimento.