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10 cidadãos de Gramado morreram na semana, todos idosos. Por isso não estamos de luto?

Me espanta a passividade e a falta de um luto coletivo, além de uma maior mobilização da comunidade gramadense, em torno do surto de coronavírus que assola o lar de idosos na cidade desde o dia 3 de setembro.

Em menos de 15 dias, 10 gramadenses moradores do Santa Ana Residencial Geriátrico Gramado morreram após contraírem o vírus. Todos idosos!

A última semana foi a mais trágica da cidade desde o início da pandemia, com alta taxa de mortalidade. E o que vemos? A comunidade segue sua rotina, cientes dos fatos e das mortes claro, porém sem uma maior mobilização a respeito. A sensação é que estas mortes não estão impactando a comunidade.

Muitos estão minimizando a situação com termos como: fatalidade, grupo de risco, velhos, tinham comorbidades, eram idosos, etc. Ou seja: existe um senso comum no inconsciente coletivo gramadense de que “paciência, eram idosos e estavam todos no grupo de risco para o Coronavírus”.

É, na minha opinião, um olhar muito simplista e superficial sobre a situação. Este surto merece mais enfoque social e uma discussão de relevância em nossa comunidade. Gramado é uma cidade cosmopolita, pelo Turismo, mas ainda assim uma cidade pequena. Por aqui, ainda é possível conhecer e conviver tendo conhecimento de quem é quem na sociedade.

Estes 10 idosos, todos com idade entre 70 e 90 anos, eram cidadãos gramadenses. Cada um com uma história na cidade, com contribuições que nem mesmo conseguimos trazer à tona neste momento. Todos com famílias e entes queridos que hoje sofrem. Mas sofrem esta perda de maneira meio que solitária. Consequência de um grande mal que assola nosso país e o mundo: o preconceito aos idosos.

Hoje, infelizmente, os idosos são pessoas invisíveis na sociedade. Considerados pelos jovens e pelos governantes como um grande “estorvo” não só pessoal mas também econômico. Nossos idosos ocupam um papel de isolamento social na comunidade.

Nós vivemos em uma sociedade que desvaloriza o velho. É uma sociedade capitalista e a nossa importância está muito vinculada ao que a gente produz. Quando o idoso para de produzir, para de trabalhar, ele para de ser interessante

Nos últimos meses a violência geriátrica quase que quintuplicou, saindo de 3 mil denúncias em março para 17 mil em abril. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).

Abaixo, alguns dados sobre a violência sofrida pelos idosos no âmbito familiar:

Quem pratica? quem sofre mais? Qual violência contra o idoso mais frequente?. Foto: Portal IG
Quem pratica? quem sofre mais? Qual violência contra o idoso mais frequente?. Foto: Portal IG
Quem pratica? quem sofre mais? Qual violência contra o idoso mais frequente?. Foto: Portal IG

Fonte: undefined – iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2020-09-05/violencia-contra-idosos-quase-quintuplica-na-pandemia-de-covid-19.html

O preconceito contra o idoso a gente chama de etarismo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 13% da população tem mais de 60 anos atualmente, sendo que a partir de 2031 haverá mais idosos do que crianças e adolescentes e, em 2042, essa população alcançará o número de 57 milhões de brasileiros.

Gramado deveria estar de luto, os gramadenses deveriam estar mais respeitosos e impactados com estas perdas. Não perdemos somente idosos residentes de um lar geriátrico. Perdemos, esta semana, dez protagonistas de nossa história. Eles merecem sim o nosso luto!

flavio 39 - Acontece Gramado
Jornalista – Editor e fundador dos canais Acontece Gramado e Acontece Floripa.
flavio@snow-albatross-314574.hostingersite.com.br

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Inga Mendes
Inga Mendes
5 anos atrás

Parabens pelo seu lucido texto. Não podemos esquecer que a comunodade de Gramado tem muito que agradecer e reconhecer estes “idosos” que, com certeza, colaboraram em alavancar a Gramado de hoje.

Cláudia Guerses
Cláudia Guerses
5 anos atrás

Parabéns por este respeitoso olhar aos idosos. Eles não produzem mais contabilmente, produzem através de seu exemplo de vida familiar e profissional e esta cultura de desprezo nutri o individualismo cada mais enraizado em nossa sociedade lamentavelmente.

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