No ano em que o Natal Luz comemora seu 40º aniversário, a figura mais emblemática do evento, o Papai Noel, alcança seu próprio marco: 20 anos dedicados à magia. Júlio Rodrigues, o homem por trás da barba branca e do figurino, celebra duas décadas de encontros inesquecíveis e de profunda conexão com o público de Gramado.
A Casa do Papai Noel, instalada na Vila de Natal junto à Praça das Etnias, é o palco diário (das 14h às 18h) onde Júlio se desdobra em acolhimento. A atração gratuita é um ponto de convergência de esperanças, onde os desejos são confiados ao guardião do Natal.

A escuta sensível e os pedidos que transformam
Apesar da constância dos pedidos por brinquedos, o que mobiliza o Papai Noel são as súplicas que extrapolam o material. “Há crianças que pedem saúde para a família, ou apenas felicidade. Isso me emociona“, revela Júlio.
Ao longo de 20 anos, sua sensibilidade foi testada em momentos de grande delicadeza. Ele relembra o episódio de uma criança de dois anos que, recém-órfã, pediu o pai de volta. “Respirei fundo e respondi que o pai dela estava em um lugar melhor”, conta. A emoção transcende a idade: um casal em lua de mel, vindo do Nordeste, buscou sua bênção, saindo em lágrimas após o desejo de amor eterno.

O compromisso de duas décadas
Para Júlio, a dedicação não é apenas um papel sazonal; é uma identidade consolidada. “Como não vou pensar que sou o Papai Noel mesmo? Esse é meu combustível. Hoje sou uma pessoa realizada porque sei que tem gente que gosta de mim de verdade, e porque eu gosto muito das crianças”, afirma, refletindo a seriedade com que leva o manto.
A visibilidade de Júlio não se restringe à Casa. Ele é o ponto culminante do Grande Desfile de Natal, aparecendo no último carro alegórico, puxado pelas renas, em meio à neve coreografada que encanta a Avenida das Hortênsias às quartas, sextas e sábados.
O ritual de preparação para a temporada é um feito de paciência. “Eu deixo a barba crescer por seis meses, depois é só aparar e manter bem branquinha”, explica. Nem mesmo o calor da estação é um obstáculo. “A gente se condiciona à temperatura e se acostuma. Isso não me afeta em nada”, garante.
Ao fechar mais um ciclo, o Papai Noel de Gramado compartilha uma mensagem que transcende a celebração: “Desejo que todos tenham um feliz e abençoado Natal. Mas desejo isso para todos mesmo, porque a gente sabe que tem criança indo dormir com fome. Que as pessoas sejam solidárias e façam o Natal do próximo mais feliz”, conclui, direcionando o foco do Natal para a ação e a empatia.












