A investigação sobre a queda do avião Piper Cheyenne em Gramado continua seis meses após o desastre que chocou o Rio Grande do Sul. O acidente, ocorrido em 22 de dezembro de 2024, na Avenida das Hortênsias, no bairro Avenida Central, resultou em 11 mortes e 17 feridos.
A aeronave, que havia decolado do Aeroporto de Canela com destino a Jundiaí (SP), era pilotada pelo empresário Luiz Cláudio Galeazzi. Todos os ocupantes eram familiares e não sobreviveram. Análises preliminares indicam que o avião colidiu com a chaminé de um prédio, atingiu o segundo andar de uma residência e, em seguida, caiu sobre uma loja de móveis.
Os destroços também atingiram uma pousada próxima, onde duas pessoas ficaram gravemente feridas com queimaduras. Uma das vítimas, a camareira Lizabel de Moura Pereira, faleceu três meses após o acidente devido à gravidade das queimaduras. A outra pessoa ferida na pousada recebeu alta em fevereiro.
O cenário da queda seis meses depois
Meio ano após a tragédia, o local do acidente ainda preserva as marcas do ocorrido. A área anteriormente ocupada por uma loja de móveis permanece isolada por tapumes. O prédio que abrigava a pousada está disponível para locação e passa por reformas estruturais, incluindo a troca de telhado.
Segundo o comando dos Bombeiros de Gramado, o prédio da pousada foi desinterditado após laudos apresentados pelos proprietários atestarem a segurança da estrutura.
A memória do desastre permanece viva para quem transita pela Avenida das Hortênsias. A passagem diária pelo local evoca lembranças, com relatos de que o cheiro de querosene ainda é perceptível em alguns pontos. A cena da queda, mesmo para turistas, é um ponto de curiosidade e permanece na mente de quem presenciou ou soube do ocorrido.
Investigações e Perspectivas Futuras
A investigação sobre as causas do acidente é conduzida pelo Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Em janeiro, um relatório preliminar apresentou duas hipóteses:
- Voo Controlado Contra o Terreno (CFIT): Situação em que uma aeronave, com sistemas e piloto no controle, colide com o solo ou obstáculos.
- Perda de Controle em Voo (LOC-I): Caracterizada por uma alteração extrema e involuntária na trajetória da aeronave.
O Cenipa informou que a investigação prossegue, sem data para a divulgação de um relatório final, dada a complexidade do caso. A análise atual abrange a operação da aeronave, seus sistemas, componentes, manutenção, desempenho humano e condições meteorológicas. Elementos e sistemas relevantes da aeronave já foram extraídos para análise técnica. A investigação conta com uma equipe multidisciplinar de especialistas.
A Polícia Civil de Gramado aguarda a conclusão do relatório técnico do Cenipa para finalizar o inquérito criminal. O Ministério Público também aguarda o encerramento do inquérito policial para as devidas ações judiciais.
O Aeroporto de Canela, de onde a aeronave decolou, está sob administração da Infraero desde setembro do ano passado. A Infraero mencionou investimentos em segurança, como a instalação de sistemas PAPI e a implantação de uma Estação Meteorológica de Superfície (EMS). Contudo, a Infraero esclareceu que esses equipamentos não teriam evitado o acidente, pois a queda ocorreu logo após a decolagem, fase em que não há atuação de sistemas terrestres de auxílio à navegação ou responsabilidade do aeroporto sobre o controle da aeronave.
