O prefeito de Canela, Gilberto Cezar, iniciou uma articulação política para barrar a instalação de um pedágio na ERS-466, conhecida como Estrada do Caracol. A reação do prefeito ocorre após o Governo do Rio Grande do Sul detalhar, nesta terça-feira (28), o novo projeto de concessão do Bloco 1 de rodovias, que prevê um pórtico de cobrança “free flow” no local.

Gilberto Cezar já contatou a administração estadual, manifestando sua oposição, e agendará uma reunião para apresentar dados que, segundo ele, comprovam a desnecessidade da taxação na via que liga o centro de Canela ao Parque do Caracol.

A mobilização do prefeito canelense começou após a repercussão da notícia entre os moradores. “Recebi muitas mensagens sobre a noticia da possibilidade de um pedagio na Estrada do Caracol”, explicou Gilberto Cezar.

Segundo o prefeito, a ação foi imediata. “Imediatamente entrei em contato com o Governo do RS me colocando contrário ao projeto e fui ouvido pelo Governo”, afirmou.

O próximo passo é técnico. Gilberto Cezar prepara uma reunião com a equipe do governo estadual para “mostrar através de números e dados que não precisa ter um pedágio na rodovia”. A ideia, segundo ele, é convencer o governo Gaúcho a retirar a ERS-466 do plano de cobrança.

Para o prefeito, o projeto para a rodovia municipal deve ser outro, focado no turismo e na comunidade local. “Nós queremos fazer uma ciclovia para ligar o centro de Canela aos parques e não teremos pedágio na estrada que liga Canela ao caracol”, defendeu o prefeito.

Entenda o novo modelo de concessão

O posicionamento do prefeito de Canela confronta o novo plano de concessões do Bloco 1, detalhado pelo governador Eduardo Leite nesta terça-feira. O projeto prevê a transformação completa dos acessos à Região das Hortênsias, extinguindo as atuais praças de pedágio da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e implementando um sistema “free flow” (fluxo livre).

Este modelo utiliza pórticos eletrônicos que cobram por quilômetro percorrido. Embora prometendo uma cobrança mais justa, resultará em mais pontos de taxação, fazendo com que, na prática, não seja possível entrar ou sair da região sem pagar pedágio.

A proposta inclui um investimento privado de R$ 6,41 bilhões ao longo de 30 anos. Como contrapartida, estão previstas obras aguardadas, como a duplicação total da RS-115 (ligação com Vale do Paranhana) e da RS-235 (entre Nova Petrópolis e Gramado).

O plano detalhado pelo governo prevê 23 pórticos no Bloco 1, localizados em vias como a RS-115 (Três Coroas e Gramado) e a RS-235 (Nova Petrópolis, Gramado e São Francisco de Paula).

O ponto de discórdia: ERS-466 e o novo aeroporto

O ponto que gerou a reação do prefeito de Canela é a inclusão de um pórtico na ERS-466. O plano do governo gaúcho prevê a instalação no km 4 da rodovia, em território de Gramado, afetando diretamente o principal acesso de Canela ao seu parque mais famoso.

A inclusão desta rodovia é considerada estratégica pelo governo estadual, pois a ERS-466 é a via que será estendida futuramente para conectar Canela ao novo aeroporto de Vila Oliva, em Caxias do Sul. Com isso, o deslocamento de turistas entre o futuro aeroporto e a Região das Hortênsias teria uma cobrança de pedágio estimada em R$ 5,92, uma das mais altas do trecho projetado.

O governador Eduardo Leite defendeu o modelo de concessão como a “única forma de viabilizar obras de infraestrutura que o Estado, sozinho, não teria capacidade de realizar”, incluindo medidas de resiliência contra inundações e deslizamentos.

O projeto agora passará por um período de consulta e audiências públicas. A publicação do edital está prevista para o primeiro trimestre de 2026, com o leilão ocorrendo no segundo semestre do mesmo ano.